Notícias

Câmera da farda filmou últimas palavras de estudante de medicina morto em novembro

A morte do estudante de medicina Marco Aurélio Cardenas Acosta, de 22 anos, durante uma abordagem policial em novembro do ano passado, resultou na denúncia de dois policiais militares por homicídio qualificado.

O caso ocorreu no bairro da Vila Mariana, em São Paulo, quando o jovem foi baleado no peito pelo soldado Guilherme Augusto Macedo. O Ministério Público apresentou a denúncia nesta quarta-feira (8), após a conclusão do inquérito pela Polícia Civil.

De acordo com o relatório final, imagens das câmeras corporais dos policiais revelaram que Marco Aurélio repetia “tira a mão de mim” enquanto resistia à abordagem. Ele tentou entrar no hotel onde estava hospedado, mas foi impedido devido ao portão estar trancado.

Cmera corporal mostra abordagem de PM que matou estudante de medicina Foto Reproduo

Durante a confusão, o estudante segurou o pé de um dos policiais e, ao ser empurrado, o soldado Guilherme disparou a arma de fogo, acertando o peito do jovem. O relatório concluiu que o PM “assumiu o risco do resultado morte ao utilizar ilegitimamente a arma de fogo”.

Dinâmica do incidente e reação das autoridades

O episódio teve início quando Marco Aurélio, sem camisa, caminhava pela rua e teria dado um tapa no retrovisor da viatura policial. Ele correu para o hotel, onde foi seguido pelos policiais.

Cmera corporal mostra abordagem de PM que matou estudante de medicina Foto Reproduo

Câmeras de segurança do local capturaram a perseguição e o disparo fatal. Os policiais alegaram que o estudante tentou pegar a arma de um deles, justificativa contestada pelas imagens e pelo relatório da Polícia Civil.

Marco Aurélio era estudante do quinto ano de medicina na Universidade Anhembi Morumbi e filho de médicos peruanos naturalizados brasileiros. Seu pai, professor da USP, enviou uma carta ao presidente Lula criticando a lentidão nas investigações e na punição dos responsáveis.

Consequências legais e desdobramentos

A Polícia Civil pediu a prisão preventiva do soldado Guilherme Macedo, enquanto o outro policial envolvido, Bruno Carvalho do Prado, também foi denunciado.

Ambos permanecem afastados de suas funções, mas ainda não foram detidos. O caso provocou ampla repercussão, destacando questões como o uso excessivo da força policial e a transparência nos processos de responsabilização.

A família de Marco Aurélio busca justiça e maior celeridade nas ações judiciais. A morte do estudante reacende o debate sobre abordagens policiais em São Paulo, cobrando mudanças estruturais e treinamento mais rigoroso para evitar novas tragédias como essa.

LEIA TAMBÉM: